Quebrando notícias: a internet está morrendo

Imagem do Sonic morto

Voltemos para meados de, sei lá, 2005. A internet era um lugar mágico. E melhor que hoje em dia. Isso é muito estranho considerando toda a evolução tecnológica acelerada que ocorreu em quase 30 anos.

Sei que nossa memória engana. Que a nostalgia é um tempero ardil dos eventos do passado. Mas juro para vocês, a internet era melhor.

Como assim melhor? Você, caro leitor, pode se perguntar. Tentarei explicar com exemplos reais. Pesquisei recentemente sobre o bairro que moro. Queria saber um pouco da história dele. E todos os links da primeira página de busca que encontrei eram de imobiliárias, páginas geradas provavelmente automaticamente, falando sobre “um bairro que tem farmácia e padaria".

Onde achei respostas satisfatórias? Em um site da prefeitura que continha um link para um pdf com um resumo de história dos bairros. E em um fórum de 2009 de pessoas apaixonadas por discutir a história de cidades, um fórum infelizmente morto.

É muito difícil encontrar conteúdo REAL. E tem alguns motivos para isso: grande parte da produção fica em vídeos (YouTube e TikTok) e ocultos pelo algorítimo de cada plataforma. Falando em conteúdo oculto, em algum momento pessoas acharam uma boa ideia migrar de fóruns web para locais como discord que não são indexados e é muito difícil navegar.

Os buscadores são um misto de conteúdo patrocinado com páginas que se esforçam muito mais em ter um CEO perfeito para vender do que realmente um conteúdo correspondente com sua busca.

Sem falar na recente enxurrada de lixo produzido por IAs.


No momento que a produção de conteúdo ficou restrita a plataformas, o próprio conteúdo é ditado e direcionado por poucos. A comercialização da internet influencia o que a internet é. A gente tira o foco de grupos e comunidades e volta ele para marcas.

Aranha destruindo outro bicho menor com os dizeres "Silence, brand"
Meme puramente ilustrativo

Uma ode a tosqueira

Parece que para frear essa massificação da internet temos que voltar a controlar nosso conteúdo. Subir um blog e escrever lorotas. Mais que a questão de ser "dono" do seu conteúdo, sem preocupar com algorítimo ou qualquer coisa do tipo tem outra coisa que estamos perdendo: é aquele texto pessoal, aquele flogão tosco, aquela coisa mais humana e sem o cinismo doente do shitposting que "substitue" esse tipo de coisa na internet atual.


ps1: esse artigo do Verge aborda algumas das coisas que tentei dizer aqui, vale a leitura

Bring back personal blogging
The personal blog built the internet, and maybe it can fix it.

ps2: ano novo né, voltei a escrever, quem sabe agora vinga. E decidi que vai ser em português, alternando textos mais toscos com alguns menos toscos. Talvez seja o único post do ano? Talvez. Mas ai a gente continua a tradição de um artigo por ano.